A edição número 0960 da revista Exame trouxe uma bela matéria – Em busca do Google verde – sobre a dinâmica do setor de ciência e tecnologia que trabalha no desenvolvimento de fontes de energias renováveis, candidatas a substituir o petróleo em um futuro próximo.
Segundo a matéria, o indiano Vinod Khosla é um exemplo de investidor que se notabilizou pela sua aposta no Vale do Silício e nos últimos anos resolveu investir pesado nas empresas verdes. Já tem feito várias escolhas onde aplicará seu cacife, mas ainda aguarda novas candidatas.
Portanto, há muito dinheiro no mercado para as empresas com propostas de soluções limpas ao planeta, que vão da eletricidade ao biocombustível, das enzimas às algas marinhas. E há muitos núcleos de pesquisadores tirando proveito dessa situação.
No Brasil, a Cosan, maior empresa do setor de açúcar e álcool do mundo, firmou parceria com a empresa Amyris, que tem recebido investimento do fundo Kleiner Perkins, comandado por John Doerr – conhecido por ter apostado alto em empresas como a Google e a Amazon – e da empresa Khosla Ventures – do indiano que está de olho nas novas tecnologias, mesmo que incipientes.
A Amyris acredita na transformação de açúcar em um tipo de petróleo verde. Ou seja, ela usa o açúcar para produzir biocombustível semelhante ao petróleo. O cenário é promissor, mas o mercado de trabalho que se abre, nesse caso, requer formação avançada e muita obstinação.
No campo da inovação, o Brasil tem seus núcleos privados de excelência, quando se fala em alta tecnologia. Principalmente quando envolve o agronegócio e, especificamente, o biocombustível. Mas é carente de políticas públicas que dêm suporte a iniciativas fundamentadas em bens intangíveis. Mesmo o setor de pesquisas é aprisionado por burocracias e limitações impeditivas junto às instituições oficiais de fomento.
O próprio BNDES está revendo sua política de investimentos culturais depois que resolveu bancar a produção do desenho infantil Peixonauta, sucesso no Discovery Kids entre as crianças de 4 a 11 anos.
O bom trabalho da produtora paulistana TV PinGuim, comandada pelo arquiteto Kiko Mistrorigo e Celia Catunda abriu as portas para consultores e contadores, que pretendem ajudar seus clientes, ou futuros clientes, a alavancar investimentos em projetos de criação.
Como o mercado cultural interno ainda é bastante informal, há sempre o receio de esbarrar na tese de bens intangíveis quando se chega à porta de um banco. Porque normalmente os artistas não têm bens materiais para lastrear altos investimentos. Essa situação sempre foi uma barreira para atrair os empresários.
Mas agora, o cenário é outro e o BNDES, como exemplo, começa a aceitar contratos de risco, desde que o projeto seja bom. Nesse sentido, os pequenos núcleos de produção musical, cinematográfica, de artesanato, artes plásticas etc., tornam-se um mercado amplo, de onde podem surgir bons negócios, muitos empregos e, para os consultores e contadores, clientes até então inimagináveis.
"Há muito dinheiro no mercado para as empresas com propostas de soluções limpas ao planeta"
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